sexta-feira, 11 de maio de 2012

O amor é a oração que cura.

Dias antes do natal, estava eu em uma capela num vilarejo ao norte de Portugal, acompanhando uma família amiga a missa da tarde. Fazia naquele momento seis graus a igrejinha era muito gelada e estava lotada, muitas mulheres de preto com seus xales, lenços e cachecóis  de lã para aquecer cabeça e mãos por cima de casacos longos e quentes, conforme a tradição de Portugal.

Um homem desfiava o terço antes do vigário chegar.Eu e minha amiga, não encontramos lugar nos bancos centrais e nos assentamos no banco lateral, que ao menos era almofadado,então pensei aqui é mais quentinho, até que vi que atrás era uma linda parede de azulejos decorados em azul,com motivos sacros, típicos da arte dos portugueses local,vi que teríamos de ficar encostado neles, isso já me deu um frio na espinha, mais era a única opção. Olhei para minha amiga e disse: É só não encostarmos, ela riu e ficamos em silencio enquanto que todos respondiam o terço fervorosamente.

Em nossa frente nos bancos centrais,os de frente para o altar, estava uma senhorinha linda bem branquinha que mantinha os olhos fechados a orar,em  meio ao um lenço negro bordado português e uma capa no mesmo tom.Logo comecei a me incomodar ao perceber que ela não parava com os pés , uma hora estava sobre o suporte de madeira onde se ajoelha, outro ela esticava no corredor, depois botava-os no chão mais plano, e vi também lagrimas rolarem de seus olhos. Percebi  em seguida que o frio estava calando em meus pés nas botas, e subindo até os joelhos, pareciam que estavam no gelo, minha amiga reclama em seguida do friu do chão nos pés.

Logo começa a missa, entra muitas criancinhas cantando e cada uma coloca uma estrelinha numa arvore de natal enfrente ao presépio, ao pé do altar.E o padre velhote cabelos grisalhos com cara de mal humorado,tratou de rezar a missa rapidinho sem muitas explicações, nem se quer deu importância as crianças e as estrelinhas, sem comentário ficamos sem saber o porque delas.

Mais oque me incomodava  mesmo, era ver aquela senhorinha esfregando as mãos nos tornozelos e joelhos, mais no direi que no esquerdo, demostrando estar com muita dor, serrava os olhos na fé e suas lagrimas rolavam,  eram aparadas por um lenço branco que ela trazia,Eu fiquei mais prestando atenção em sua dor, que responder a missa já que isso não é difícil é só por no automático.Quando a igreja se deu as mãos para rezar o Pai Nosso, não tive duvidas que Deus queria sua cura, quando ela estendeu a mão a outra pessoa e depois direcionou a mim, peguei a sua mão e determinei que ficasse boa e que todo mal que lhe atormentava que saísse em nome de Jesus Cristo, que Deus tivesse misericórdia dela, e quis muito que ela ficasse boa, de todo meu coração, pedi que o senhor me desse um sinal se tivesse me ouvido.

Assim que terminamos a oração, senti que meus pés e pernas esquentavam muito, olhei para minha amiga e perguntei :Esquentou seus pés ?Ela disse sim parece que até meu joelho estão quentes,olhei para aquela senhora e vi que mantinha os olhos abertos a olhar para o padre, lindos olhos azuis no meio das pálpebras cansadas.

Não afirmo que foi curada, e sei que nunca vou saber, mais sei que fiz oque meu coração pedia fortemente, e Deus me respondeu dando até o testemunho de minha amiga. Quando saímos, comente com minha amiga que sorrindo disse:Percebi que você não rezava o pai nosso e sim outras palavras, que Deus te ouviu tenho certeza.

Sairmos e lá fora estava já noitinha,  gelo caia do céu deixando os carros todos branquinhos, era o natal chegando, com sua poesia e encanto envolvendo os corações.