Numa manhã de inverno estava eu dentro de um veiculo olhando os movimentos de tudo fora. Ali era uma ruela muito estreita da cidade de Olhos D'água em Portugal, era uma rua apertadinha, parecia não ter nada interessante, mais eu teria que esperar meu filho que havia entrado em um banco local .
estava confortável e relaxada a olhar para o nada, quando num momento observei uma fresta de sol que clareava um pedacinho de calçada, vindo de uma outra rua de frente, ali estava um cão sentado naquela réstia de sol, com os olhos fechados se aquecendo, ele mantinha a cabeça bem erguida, como se deliciasse daquele momento quentinho. Oque era interessante é a cena do pequeno facho de luz e dentro o cão, parecia sentir-se, ser melhor que muitos, pensando quem sabe, que o sol nascera só para ele, tinha uma cara muito satisfeita, e em seguida vi que dele se aproximava um velhinho muito agasalhado, andando bem devagarinho, fazendo sua caminhada diária naquela manhã gelada, ele parou alguns passos daquele cão e ficou por instantes a observa-lo, e com dificuldade com sua bengalinha aproximou e falou algo com o cão, o qual continuou imóvel com cara de feliz, somente abanou a calda no chão, nem deu o trabalho de abrir os olhos, e o senhorzinho passou..
Continuou ali o cão de sorte, a sentir aquele momento aconchegante na pequena fresta de luz quentinha, e eu apreciava a sena na aquela rua calma de muitas casas centenárias. E varias pessoas idosas passavam pelo cão, e falavam com ele, parecia entenderem oque ele estava sentindo, aquele carinho do sol, e ele sempre respondia do mesmo jeito, com o abanar da calda rente ao chão, sem se mexer, parecia estar em paz naquele momento único com a natureza, e os velhos no seu tempo já sem pressa com a tranqüilidade de uma criança, viam no como elas o veriam, era uma comunicação natural e pura, uma sintonia de amor, de momentos felizes por estarem vivos, ali naquele momento naquela rua antiga perdida na historia do tempo.